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A Dignidade de Deus

Deus é digno de que os seres humanos se submetam integralmente a Ele prestando-lhe adoração; confiando nele e obedecendo-lhe. Deus não precisa do preenchimento de nenhum desses itens para autoafirmar-se como Deus, porque Ele já é Deus; mas, ao homem, faltar com esses itens perante o Criador seria uma inominável insolência, e é assim, lamentavelmente, como se comporta perante Ele grande parte da humanidade. Não é preciso que o homem passe pela revelação especial de Deus, que se dá pelas Escrituras. Basta o conhecimento natural para que o ser humano o reconheça e o reverencie, e esse conhecimento natural é de todos. Partindo desse pressuposto, o apóstolo Paulo conclui: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia para desonrarem o seu corpo entre si” (Rm 1.21,24).

1. Deus é digno de adoração.
Deus é adorado nos céus pelos 24 anciãos, pelos anjos e pelos seres viventes (Ap 5.9-14). Na terra, a adoração a Deus foi requerida do Seu povo: “O Senhor, teu Deus, temerás, e a ele servirás (...)” (Dt 6.13). Jesus evocou esse texto no embate que teve contra o diabo na tentação (Mt 4.10). Davi conclama o povo a adorar a Deus: “Dai ao Senhor a glória de seu nome: trazei presentes e vinde perante ele; adorai ao Senhor na beleza da sua santidade” (1 Cr 16.29). O livro dos Salmos faz constantes apelos para a adoração e o louvor: “Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés, porque ele é santo” (SI 99.5); “Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que executais o seu beneplácito” (SI 103.21).

Adoração vem do hebraico “segad”, “prostrar-se”; do grego latreuein, “serviço”, “culto”; proskrineo, “reverência”. A ideia prevalecente é de “serviço”. Mas que tipo de serviço as criaturas podem prestar ao Criador? Não há nada que o menor possa fazer pelo maior. Deus não precisa de nada, porém, Ele se apraz na adoração. O serviço, nesse sentido, traduz-se como culto, que é um ato de respeito e honra usado para expressar, de forma exterior, os sentimentos do interior do ser. Por meio da adoração, o ser humano expressa reconhecimento a Deus por quem Ele é, enquanto, pelo louvor, ele expressa a Deus o reconhecimento pelo que Ele faz. A adoração que faz o clima do céu deve fazer o clima na terra.

2. Deus é digno de confiança.
A confiança é a expressão prática da fé. “Sem fé é impossível agradar-lhe (...)” (Hb 11.6). Um Deus criador e sustentador de todas as coisas é merecedor de que os homens tenham absoluta confiança nele. Não basta a Deus ser reconhecido pelos homens como um ser Todo-poderoso, que vive nas alturas, se os homens não são capazes de incluí-lo em sua vida. Ele está apto para contribuir com eles, guiando-os e suprindo-lhes as necessidades. Se tomamos por verdadeiro tudo quanto temos aprendido sobre Deus, temos de tomar também por verdadeiro que Ele é capaz de todas as coisas, desse modo, devemos também levar em conta o fato de que estamos inclusos em tudo sobre o que Ele exerce controle. Assim se expressa Hodge sobre a confiança: “Considerar algo verdadeiro é considerá-lo digno de confiança, como o que se propõe. Portanto, fé, no sentido amplo e legítimo do termo, é confiança”.


Somos forçados a crer que Deus deseja relacionar-se com as Suas criaturas e espera ter com elas um relacionamento íntimo e peculiar; para tanto, Ele cria condições pela intermediação de Seu Filho como Salvador. Uma vez salvo, o homem deve cultivar vida plena com Deus, depositando nele toda a sua confiança para viver uma vida nos termos de Deus. Jesus passou muitas lições de fé para os Seus discípulos e também se queixou quando não foram capazes de demonstrá-la por meio de atos de confiança. “E Jesus, percebendo isso, disse: “Por que arrazoais entre vós, homens de pequena fé, sobre o não vos terdes fornecido de pão?” (Mt 16.8); “Pois se assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?” (Mt 6.30); “E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pequena fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança” (Mt 8.26).

3. Deus é digno de obediência
Obediência é sujeição. Quem obedece acata. Quem obedece age segundo a vontade daquele que lhe dá as ordens. Essa é a relação usualmente esperada na relação entre pais e filhos. A obediência atende a uma cadeia hierárquica, levando inevitavelmente em conta o princípio da autoridade.

A Bíblia ensina-nos a obedecer aos pais (Cl 3.20); aos pastores (Hb 13.17); aos patrões (Ef 6.5); às autoridades (Rm 13.1,5). Na antiga aliança, o povo de Deus vivia sob a Lei mosaica. A Lei precisava ser obedecida integralmente. Quem tropeçasse em apenas um mandamento tornava-se culpado de todos (Tg 2.10). A obediência à Lei era a forma de o homem obedecer a Deus.

Deus estava mais interessado em que os homens lhe obedecessem do que em que lhe prestassem culto: “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22).

A desobediência do primeiro homem condenou toda a raça humana à condição de pecadora: “ Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos” (Rm 5.19). Para retribuir a obediência, Deus estabeleceu duas categorias de leis: as leis de bênçãos para os obedientes e as leis de maldições para os desobedientes. Para tornar didáticas as duas categorias, Deus escolheu dois montes onde elas deveriam ser lidas: no monte Ebal, as maldições, e, ao seu lado, no monte Gerizim, as bênçãos (Dt 27 e 28). Nos dias de Josué, assim que entraram na terra, ambas as leituras foram feitas (Js 8.33).

No Novo Testamento, permanece o mesmo princípio de obediência estabelecido para o povo de Deus. A obediência a Deus era orientada pela Lei mosaica; hoje, pela doutrina dos apóstolos. Os apóstolos instruíram a Igreja quanto à importância e a necessidade de obedecer a Deus, sob o risco de arcar com graves consequências pelo não acatamento desse princípio: “Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe” (2 Ts 3.14).

O apóstolo Paulo se queixa dos crentes da Galácia por causa dos seus atos de desobediência: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” (G1 5.7). Os próprios apóstolos estavam tão conscientes da necessidade de obedecer a Deus que, mesmo estando sob ameaça de morte, não abriam mão desse compromisso: “Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).


Divulgação: Escola Bíblica ECB
BRUNELLI, Walter.Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida - Volume 1 Rio de Janeiro: 2016 – Central Gospel